A história de amor de Milton e Laura




"Milton e Laura se conheceram na mesma rua onde moravam. Trocaram olhares e sorrisos. Enquanto Laura abria o portão da sua casa Milton se distanciava, olhando para trás, andando de costas, mãos nos bolsos, encantado com Laura!
No dia seguinte Milton descobriu onde Laura estudava e horário e a seguiu até o portão da escola, como alguém que acompanha e protege alguém que ama a distância. Ela entrou, ele sorriu, acenou e ela retribuiu.
Laura na expectativa de que Milton estaria lá fora a esperando,  ficou decepcionada ao não vê-lo ali e mil pensamentos percorriam sua cabecinha, um deles era se ele seria casado.
No outro dia foi a mesma coisa, Milton novamente acompanhou a escola, mas continuava distante pois sabia que os pais de Laura não poderia gostar que nenhum homem se aproximasse de sua filha. Ela feliz, tênis all star, calça jeans, camiseta branca com logotipo da escola, penteado com rabo de cavalo,  elásticos no braço, sorriso irradiante, o motivo era Milton. Antes da entrada reunia com seus amigos numa algazarra, qualquer coisa era motivo pra rirem. Laura entrou, mas antes deu uma olhadinha pra esquina, pra ver Milton, encostado no muro, um pé na parede, uma mão no bolso e os olhos no relógio e eles acenaram. O namoro deles era a coisa mais fofa do mundo! Quando Laura abriu o bolso da mochila haviam muitos bombons e não sabia como aqueles bombons foram parar ali. Não podia ser seus pais, pois o dinheiro deles era bem curto, não podia ser suas amigas, nunca haviam feito isso e também não podia ser Milton, porque ele nunca chegou tão próximo! Desconfiada não comeu nenhum. Ao sair tinha certeza que Milton não estaria ali, mas dessa vez estava enganada, lá estava ele no bar, com uma garrafa de Coca-Cola, daquelas Ks, sentado no banco. Laura passou na calçada de propósito, para chamar sua atenção, ele levantou-se foi até ela e disse:
 -Oi Laurinha, como foi seu dia?
Sorrindo Laura respondeu:
_ Oi!  Nossa! Você já sabe até meu nome?! (e sorriu)
Meu dia ótimo e o seu?  Respondeu ela com outra pergunta.
Ele um tanto curioso, sorridente e com o coração batendo acelerado disse lhe:
 _ Meus dias tem sido ótimos, sempre que a vejo! Você gostou dos bombons?
 _Então era você?! Claro que gostei! Mas como conseguiu colocá-los em minha mochila?
_Simples! Eu pedi para um dos seus amigos e ele topou. Também queria te enviar flores, mas infelizmente não pude.
_Ah! Já sei! Posso imaginar quem foi!
Ele deu uma piscadinha e ela ficou toda tímida, vermelha, cor-de-rosa, desviou o olhar e disse: _Tchau, preciso ir. Obrigada pelos bombons! A gente se vê outras vezes por ai.
Milton respondeu: -De nada mesmo! Vou contar as horas para que passem bem depressa para que eu possa te ver de novo! Hoje é minha folga, passarei várias vezes na sua rua com meus amigos, pra ver se te vejo, mesmo que seja de longe! Sorrindo e sem saber o que responder, apenas disse: -Tá legal então! Tchauzinho. _ Ele todo bobo e com o coração na mão: _Tchau minha linda!

Milton e Laura começaram a namorar.
Certo dia, ele passou com uma criança no colo e uma linda moça loira ao lado e deu uma piscadinha pra Laura que ficou muito surpresa, muito sem graça e muito decepcionada! Foi para o quarto e chorou e se culpou por ser tão ingênua, por ter se envolvido com um cara casado! Brigou com sua imagem no espelho do banheiro, chamou ela própria de burra.
No outro dia, não sentiu vontade de ir a escola, faltou na aula e não pois a cara lá fora e curtindo uma fossa embaixo de um edredon, enquanto a vida acontecia lá fora, um dia de sol lindo!
No dia seguinte, teve que ir à escola e lá vinha Milton, querendo entender o que aconteceu, porque ela faltou, porque não a viu ontem e dizendo que estava preocupado. Laura muito nervosa, fora de si gritou: _ SÓ ACHO QUE VOCÊ DEVIA TER VERGONHA NA CARA NO MÍNIMO, POR SER CASADO E ESTAR ME NAMORANDO! EU VI VOCÊ COM SUA FILHA E SUA ESPOSA! EU VI, EU VI! E VOCÊ AINDA PISCOU PRA MIM! VAI EMBORA DA MINHA VIDA!
Milton tentou explicar, mas Laura, estava fora de si, não queria ouvir nada e como não podia voltar pra casa e nem matar aula entrou para assistir a aula.
Na saída notou que Milton não estava lá fora, trabalhava a tarde.
Mais um dia se passou e no dia seguinte, seu amigo entregou lhe um bilhete, era do seu namorado, mas preferiu não ler e rasgou. De longe Milton assistia a cena, foi atrás dela, prendeu a no muro e quando ela gritava ele gritava mais alto ainda, tentando se explicar. _ ELA É A MINHA IRMÃ! ELA É A MINHA IRMÃ! ACREDITA EM MIM! Pergunta pra minha mãe, pergunta para meus amigos. Ela mora no interior, por isso você nunca a viu. Não te apresentei porque você não gosta de nos expor. Tem seus pais, lembra, a gente namora escondido, tem essa. Eu te amo minha princesa. Não deixa essas bobagens separa a gente.
Eles se abraçaram, se reconciliaram! Ela não quis assistir a aula, ele ficou chateado, não queria causar danos a vida dela.
O tempo foi passando e  Milton decidiu que queria se casar com Laura, que ia falar com os pais dela. Laura se desesperou, disse que seu pai a mataria se ele fizesse isso e que não e pronto! Milton não queria mais continuar namorando as escondidas.  Falou de sua herança que seu pai havia deixado em Campinas, um grande sitio e algumas casas, apresentou ela para sua mãe e seu irmão mais novo que adoraram ela!
Com quase um ano de namoro, Laura estava triste, pois ouviu seus pais dizendo que se mudariam novamente,  que seria para muito distante dali, para outra cidade e comentou com Milton que por sua vez ficou extremamente aborrecido, triste e foi para casa pensar em alguma solução.
A noite se encontraram numa praça e ele trouxe algumas soluções. E se eles se casassem, morariam em Campinas, os pais dela não pagariam mais aluguel, ela não ficaria tão distante. Laura respondeu: _Milton, eu só tenho 15 anos, você tem 23, temos uma vida inteira, ainda somos muito jovens para casarmos.
-O que você sugere Laura?
-Eu venho te visitar Milton, darei um jeito e você também pode ir me visitar. Você me escreve, eu te escrevo...
Milton apertou Laura em seus braços, beijou seu cabelo, não suportaria perde-la e falou repetidas vezes "casa comigo Laura, casa comigo" e voltou pra casa chorando, aborrecido e calado. Naquele dia Laura também chorou  e cada um voltou pra casa triste.
O grande dia chegou, o caminhão da mudança estava pronto pra sair, enquanto Milton trabalhava. Laura pediu ao seu pai que passasse por aquela rua e ele passou e cada vez que o carro tomava distância, seu coração esmagava de saudade, de dor, de tanta tristeza. Uma parte do seu coração ficou para trás.

Um ano depois, Laura foi visitá-lo e encontrou Milton no mesmo bar, aquele homem alto de olhos azuis, já não tinha o mesmo brilho no olhar, ao invés de Coca-cola, cervejas, debruçado na mesa do bar. Ao vê-la não conseguiu oferecer nenhum sorriso.
_Oi Milton! Vim te ver.
_ Um pouco tarde, só agora um ano depois, após me esquecer, né Laura?
_Eu não te esqueci Milton! Eu não podia sair, meus pais não deixavam. Para estar aqui tive que discutir com eles.
_E o que você quer de mim, Laura, depois de um ano?
_Te ver, só te ver.
_Estou aqui, mas não tenho nada mais pra te oferecer. Você se foi, fiquei aqui, sofri demais. Encontrei uma garota muito parecida com você e me casei.
_Que amor é esse Milton?!
_"Que amor é esse Laura", você ainda me pergunta "QUE AMOR É ESSE"?! É o amor de um cara apaixonado por uma garota que vai embora, que não sabe o que fazer pra tê-la perto dele e tem que fingir de forte! É o amor de um cara que vendo a Laura em outra mulher, decidiu casar-se com ela, porque ele é um homem decidido, não é como você Laura, que foge, foge do amor, foge de tentar ser feliz. Você achou que não merecia ser feliz comigo Laura e não voltou e nem pensou em mim, que eu não conseguiria mais ser feliz sem você. E foi isso que fiz, fui viver. Mas se você me perguntar se eu te esqueci a resposta é "NÃO", mas vai embora Laura, não posso mais voltar atrás e a culpa não é minha. Eu tenho uma notícia pra você não me procurar mais. Logo eu serei pai.
_Não Milton! Se você quisesse arrumaria um jeito de me ver, de ir onde eu estava, tinha meu endereço!
_Como iria Laura?! Eu não conheço nem o bairro onde eu moro, como me aventuraria a te encontrar em outra cidade. Você morria de medo dos seus pais! O que você quer ouvir? Que te amo? TE AMO! TE AMO SIM! QUER SABER... eu acho que vou te amar pra toda vida, mas nossa história acaba aqui.
_Eu sei Milton! A culpa é toda minha. Mas olha Milton, jamais vou te esquecer.
_Nem eu Laura, nem eu! Foi bonito pra caramba! Você indo pra escola. Nossos beijos na chuva. Nossos encontros na pracinha. Nossas brincadeiras. Eu dormindo e acordando pensando em você. E você saindo da minha vida e isso dói tanto, tanto, tanto, que você nem imagina o quanto! Vou te amar por toda vida.

Milton e Laura ficaram uns 20 minutos abraçados em silêncio e cada um com os olhos cheios d'água, quando o coração apertava. E ambos depois seguiram, cada um com seu destino e nunca mais se encontraram"


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Texto não revisado